Numa cena inicial de "Cilada.com", o protagonista Bruno --vivido por Bruno Mazzeo-- é instruído, pela faxineira de sua casa, a procurar um vídeo na internet.

"Dona Fernanda falou para o senhor abrir a matéria num tal de 'intúbio'", ela diz.

Dali em diante, quando se vê publicado no YouTube (o "tal de intúbio"), em um vexatório momento de ejaculação precoce, são quase duas horas ladeira abaixo, em que o personagem tenta, a todo custo, recuperar sua boa fama sexual.

O enredo, típico de filme adolescente, estreia hoje em 400 salas de cinema. É o maior lançamento nacional do ano ("Bruna Surfistinha" saiu com 381 cópias).

Dirigido por José Alvarenga Júnior, "Cilada.com" é a adaptação cinematográfica da série "Cilada", criada por Mazzeo, seis anos atrás, para o canal Multishow.

Em 2009, "Cilada" passou a integrar o quadro de atrações do "Fantástico". "Vimos que a série tinha uma pegada forte e que, em algum momento, poderia ser adaptada ao cinema", lembra o produtor Augusto Casé.

"Na TV você tem uma responsabilidade pública. No cinema, o cara paga, faz a opção de te ver; há uma diferença de postura. Por isso, o filme é muito mais 'pé na porta'", opina Mazzeo.

Filho de Chico Anysio, o ator, 34, recusa a comparação direta com o pai, apesar de também ter se destacado no filão humorístico.

"Meu pai sempre fez vários personagens, que é um dom que eu não tenho. São estilos diferentes. Se eu não fosse filho dele, não teria entrado tão cedo [aos 14] na TV, mas, depois que você entra, a responsabilidade é sua."

O filme, escrito por Mazzeo, em parceria com Rosana Ferrão, conta com as globais Carol Castro e Fernanda Paes Leme no elenco. Além disso, tem participações especiais de Serjão Loroza, Fabiula Nascimento, Dani Calabresa e Fernando Caruso.

INSPIRAÇÃO

Alvarenga, diretor de "Os Normais 2" e "Divã", diz ter se inspirado no americano Judd Apatow, que produziu "Superbad - É Hoje" e "O Virgem de 40 Anos". "É uma onda boa de ser explorada, de filmes com um tom de sacanagem light e transgressor."

Em princípio, "Cilada.com" estrearia em agosto, mês considerado morno na indústria cinematográfica. Foi adiantado para julho, período de férias, competindo com as continuações de "Transformers", "Harry Potter" e "Carros".

Paulo Sérgio Almeida, diretor do site Filme B, que analisa o mercado cinematográfico, considera o lançamento "corajoso".

"É um filme nacional enfrentando os americanos em plenas férias. A última vez que isso aconteceu com sucesso foi com 'Cazuza', em 2004, que teve quase 4 milhões de espectadores."

O produtor Augusto Casé diz esperar até 2,5 milhões de espectadores. E adianta que, em 2012, pretende lançar "E Aí, Comeu?" --também protagonizado por Mazzeo-- na mesma época.

"Os melhores filmes do Renato Aragão, no auge dos Trapalhões, estreavam em julho", lembra.